domingo, 25 de abril de 2010

Você já leu...? Guia Mangá de Bancos de Dados

Guia Mangá de Bancos de Dados
Guia Mangá de Bancos de Dados

É isso mesmo que você leu no título: a editora Novatec lançou no fim do ano passado o Guia Mangá de Bancos de Dados, um livro em formato de HQ para explicar banco de dados. Eu que sou curioso, computeiro e fã de HQs não podia deixar de conferir esse livro, e no último mês de dezembro eu tive essa oportunidade.

Como introdução, vejam um trecho da resenha da contra-capa:

A Princesa Ruruna e Cain têm um problema: seu império de venda de frutas é um amontoado de dados conflitantes e duplicados, e separar os melões das maçãs e morangos está causando muita dor de cabeça. Mas o que eles podem fazer?

Ora, criar um banco de dados relacional, é claro, com a ajuda de Tica, a Fada Mágica dos Bancos de Dados.

É claro! Criar um BD relacional, é tão óbvio... hehehe. À parte essa introdução meio nonsense, o livro é uma leitura leve e divertida, e faz bem o que se presta a fazer: ser uma introdução aos conceitos básicos e técnicas relacionadas a bancos de dados.

Sendo tanto uma história em quadrinhos quanto um livro técnico, temos que analisar esses dois aspectos.

Quanto à parte desenhada o livro é bonitinho, e conta a história da Princesa Ruruna do reino de Kod, seu ajudante Cain e a "fada mágica dos BDs" Tica. Ao longo de cada capítulo é apresentada uma história que mostra o desenrolar das relações entre os personagens e sua busca por melhorar o gerenciamento de dados de vendas, mercadorias e exportações do reino de Kod com a ajuda da fada Tica.

O enredo em si é de certa forma bobinho, servindo mais como apoio para a apresentação do conteúdo do que como uma história propriamente dita. Porém, é o que torna o livro diferente, conferindo-lhe mesmo um certo charme.

O livro se organiza em 6 capítulos, que cobrem as seguitnes áreas: o porquê do uso de bancos de dados, terminologias e modelos, como criar bancos de dados relacionais, SQL, concorrência e segurança em bancos de dados e aplicações.

A cada seção cada um desses assuntos são apresentados de maneira bastante simples e bem explicada, com exemplos baseados no mundo em que se passa a trama. Além disso, cada capítulo conta com uma parte escrita que elucida melhor os conceitos apresentados na parte desenhada, e também exercícios para ajudar na absorção e fixação do conteúdo. Mesmo assuntos mais espinhosos, como normalização e as três primeiras formas normais ou os controles de concorrência, são apresentados de forma simples e fácil de compreender.

Para mim esse livro foi uma leitura interssante e divertida. Apesar de já conhecer a teoria e a prática dos BDs, vê-las sob uma nova abordagem é sempre enriquecedor. Além disso, acho muito interessante essa exploração dos vários usos que a linguagem das HQs pode ter.

Recomendo este livro para quem é iniciante no assunto. Não recomendaria para quem procura um livro bastante técnico e aprofundado sobre a área, ou pretende se especializar no assunto, já que existem muitos outros livros que são mais abrangentes e avançados.

Porém, se como eu você é um fã de mangás e computação e gosta de conhecer coisas diferentes, tenho certeza que vai ter uma leitura no mínimo prazerosa e divertida.

Ficha técnica

Título: Guia Mangá de Bancos de Dados
Autores: Mana Takahashi, Shoko Azuma, Trend-Pro Co. Ltd
ISBN: 978-85-7522-163-1
Páginas: 224
Ano: 2009

Saiba mais:

A série Guia Mangá está sendo traduzida da série The Manga Guide para o português, pela editora Novatec em conjunto com a editora americana No Starch Press e a editora Ohmsha, uma das mais antigas e respeitadas editoras japonesas de livros técnicos e científicos, que foi a publicadora original da série no Japão.

Além desta edição sobre bancos de dados há vários outros títulos na série, como Física, Estatística, Cálculo, Eletricidade e até Biologia Molecular, que também foram lançados em português. Cada um deles é escrito e desenhado por uma dupla diferente de escritor técnico da área e artista. Mesmo eu que não sou dessas áreas fiquei muito curioso em lê-los. Será que eu teria ido melhor em Cálculo se os tivesse lido quando fiz a disciplina...? Haha, acho que não.

Veja mais informações e amostras dos títulos no site da editora Novatec.

Veja também:

Ubunchu!Ubunchu!

Estava pesquisando sobre o livro e acabei encontrando o Ubunchu, um mangá sobre o Ubuntu. Ainda só li o primeiro dos 5 capítulos que foram lançados até agora, mas gostei muito. A história mostra a discussão entre três amigos computeiros, cada um com uma preferência de SO diferente - Windows, Linux e Mac. É bem divertido, ainda mais se você já se encontrou no meio de alguma discussão besta sobre qual SO é melhor, e os desenhos são muito bons.

Escrito e desenhado por Hiroshi Seo, e lançado sob a licença Creative Commons BY-NC. Confiram aqui!

sábado, 17 de abril de 2010

Danmaku, bullet hell, manic shooter

Touhou - Perfect Cherry BlossomTouhou - Perfect Cherry Blossom

Se você tem entre 20 e 30 anos e gosta de jogos eletrônicos, com certeza já jogou shoot'em ups, aqueles "jogos de navinha", como são conhecidos no Brasil, onde você controla uma nave e tem que destruir inimigos enquanto desvia de tiros. Eu particularmente sou um grande fã desse tipo de jogo, desde que aprendi a jogar videogames. Exemplos clássicos desses jogos são Gradius, R-Type, Raiden, entre outros.

Talvez você já tenha até jogado alguns dos mais exóticos, como Parodius, uma paródia de Gradius, Fantasy Zone, Tyrian (injustamente desconhecido) para PC, Radiant Silvergun, um dos maiores clássicos do gênero, para Sega Saturno, ou o belo Ikaruga.

No meio dos anos 90, em resposta à estagnação dos shooters tradicionais, surgiu um subgênero que recebeu o nome de "manic shooter", "curtain fire", ou danmaku (cortina de tiros, em japonês). Nesse tipo de shooter, a tela fica literalmente cheia de projéteis que precisam ser desviados. Normalmente, a hitbox (área vulnerável) de seu personagem é menor, aumentando sua chance de sobreviver - e tornando o jogo possível! Os precursores desse tipo são os jogos Batsu Gun e DonPachi.

Esse subgênero demanda uma dedicação maior do jogador; cada jogo necessita às vezes de centenas de tentativas para ser completado. Alguns bons exemplos de manic shooters são a série DonPachi e Mushihime Sama, ambos da empresa Cave.

Curiosamente, esse gênero é muito popular no Japão, onde grandes empresas lançam shooters todos as temporadas. Também é notória a quantidade de grupos independentes (doujin circles) que lançam jogos desse tipo regularmente, especialmente em feiras como a Comiket. Um dos doujin games mais famosos é o Touhou Project, uma série de jogos que começou em 1996 e se tornou um fenômeno no underground da internet, para a qual ainda vou dedicar um post futuramente.

Para finalizar, acho que um vídeo diz mais que mil imagens (gameplay do jogo Mushihime Sama):



Dá até medo né? Tem gente que diz que só doido gosta desse tipo de jogo. Acho que é por isso que eu gosto... hehehe

Vida longa aos "jogos de navinha"!

Saiba mais:

sábado, 10 de abril de 2010

Você já assistiu...? Cat Soup / Nekojiru-so

Cat Soup© Nekojiru • Yamato Do Co., Ltd./Nekojiru Family

Eu gosto muito de animações, especialmente aquelas que fogem do lugar comum, que nos fazem refletir, como Serial Experiments Lain, Haibane Renmei, Boogiepop Phantom
e Paranoia Agent. Uma que havia ouvido falar há um tempo é Cat Soup (Nekojiru-so, em japonês), um curta de animação de 2001, produzido pela J.C. Staff, ao qual tive a oportunidade de assistir recentemente.

O enredo gira em torno de uma família de gatos antropomorfizados, particularmente os dois filhos, Nyatta e Nyaako, irmão mais novo e irmã mais velha. Nyaako sofre de uma doença terminal e é vista pelo seu irmão sendo levada pela Morte para o outro mundo. Nyatta consegue ficar com metade da sua alma, de modo que Nyaako não morre, mas continua vivendo em um estado semi-vegetativo.

Daí em diante segue um turbilhão de imagens, símbolos e metáforas, mostrando a busca de Nyatta pela outra metade da alma de sua irmã.

Dependendo de sua disposição mental, você pode achar este um dos curtas de meia-hora mais bizarros, atordoantes ou perturbadores de sua vida. Eu particularmente achei um pouco de cada coisa. As paisagens e personagens surreais e a quase inexistência de diálogo contribuem para a atmosfera aterradora.

Enfim, se você gosta de animações diferentes, de pensar bastante, ou de procurar pêlo em ovo, irá gostar desta obra, que pode ser vista mais como um exercício de arte do que simplesmente uma animação.

domingo, 4 de abril de 2010

Informática e crianças

Com a presença cada vez maior do computador em nossas vidas e nossa sociedade, uma questão importante surge: qual o efeito da exposição das crianças ao computador? Quando e como esse contato deve ser permitido?

Fui lembrado desse tema ao ler uma reportagem a respeito disso no jornal de hoje. Antes de mais nada, vou deixar claro que eu não sou pedagogo e que falo apenas pessoalmente, sem nenhuma base além de minha experiência de vida.

Em minha opinião, nos dias de hoje é insensato privar uma criança do acesso à computação e à internet. Não é sem motivos que a era moderna é chamada de era da informação; o bem mais valioso é o conhecimento. E qual é a ferramenta crucial nesta era? Sem dúvidas, o computador.

Eu acredito que o computador ajude no desenvolvimento cognitivo e motor de uma criança, especialmente com relação à motricidade fina como movimentos precisos e coordenação visual. Intelectualmente, a criança ganha capacidade de abstração e pensamento lógico. De forma alguma menosprezo o papel fundamental de livros e educadores no desenvolvimento da criança, apenas penso que o computador pode ser um importante aliado nesse processo.

Claro que, como tudo, deve ser utilizado com bom-senso. A internet, como já disse certa vez, é um mar de pornografia, salafrários e toda sorte de gente ruim. O acesso da criança deve ser controlado e discutido em família.

Porém, segundo o Dr. Valdemar Setzer, professor do departamento de Ciência da Computação do IME, as crianças não devem ter acesso à computadores, videogames ou TV. Acesso à internet, só após os 17 anos, que seria quando o jovem tem maturidade para enfrentar e entender as nuances esse meio. Segundo ele, a internet, videogames e a TV atrapalham o desenvolvimento da capacidade criativa, mental e social do infante.

Não vou me aprofundar nas idéias de Setzer, já que confesso que ainda não as conheço em profundidade suficiente para discutí-las, e muito menos desprezá-las, já que o pesquisador tem muito mais experiência e base para falar do assunto do que eu. Entretanto, um ponto em que acho que todos concordam é que é uma idéia radical demais. 17 anos é uma idade em que boa parte dos jovens está se preparando para ingressar em uma instituição de ensino superior ou para entrar no mercado de trabalho. Imagino que para alguém que está nessa idade e situação, absorver em pouco tempo tudo que a internet significa e suas potencialidades é alucinante.

Tomando a mim mesmo como exemplo, eu tive meus primeiros contatos com computadores aos 6 anos. Gostava de jogar, era basicamente o que eu fazia no computador. Porém, sempre tive uma curiosidade: como esse negócio funcionava? Era a mesma coisa com videogames, os quais conhecera mais novo ainda. Pode até ser um exagero de minha parte, mas acredito que foi essa curiosidade que me levou ao caminho em que estou hoje, terminando meu curso em Ciência da Computação.

Concordo com Setzer que essas tecnologias, quando não utilizadas da forma correta, podem trazer malefícios a qualquer um, especialmente crianças. Porém, na era da tecnologia, em minha opinião, impedir o acesso dos pequenos a esse meio de informação inesgotável (tanto boa quanto ruim) é uma visão muito limitante.

Para saber mais:

sábado, 3 de abril de 2010

Você já usou...? Logmein

Quem é computeiro com certeza já deixou um computador ligado pra acessar remotamente de outro lugar. Eu usava muito o ultraVNC, um programa leve e open-source, que usa o sistema VNC para prover acesso remoto a outro terminal.

No entando, como a internet que eu estou assinando é à rádio e deve ter um esquema complicado e melindroso de gateways e roteadores no caminho até a rede mundial, eu não estava conseguindo usar o VNC para fazer algum cliente externo conectar na minha máquina. Foi aí que eu me lembrei de um site que oferecia esse tipo de funcionalidade.

O Logmein é um serviço de conexão remota a desktops que funciona pelo browser, rodando uma aplicação Java. Resumidamente, ele faz a conexão entre dois computadores através de uma rede VPN. Sua utilização é parecida com a de outras aplicações do tipo, você instala um programa no computador que será acessado, mas ao invés de usar algum software de desktop para acessá-lo, isso é feito através do site.

É necessário criar uma conta, mas para utilizar a funcionalidade básica de acesso remoto o cadastro é gratuito. Um ponto positivo é em relação à segurança: o serviço pode utilizar vários algoritmos de encriptação, entre eles o AES-256, para proteger a comunicação, além de canais seguros como o https e várias verificações de acesso. Informações mais detalhadas sobre a segurança do Logmein podem ser vistas aqui.

Estou utilizando há algum tempo e não tenho do que reclamar. Ele atende às minhas necessidades e só de ter funcionado com minha internet complicada, já achei ótimo!